Grande Sertão Veredas fez 50 anos de publicação no dia 26 de maio de 2006. Escrevi a maior parte deste texto, em janeiro daquele ano, depois de uma releitura estritamente ecológica do livro, para uma coluna dedicada ao meio ambiente. Poucos dias antes do 26 de maio, fui ao Parque Grande Sertão Veredas, cuja entrada fica em Chapada Gaúcha, Minas Gerais. Levei minha cópia do livro toda anotada. Tenho uma que jamais será marcada. Recentemente ganhei uma primeira edição perfeita, do Afonso Borges, que há mais de 20 anos promove a literatura com seu Sempre um Papo. Lá, na terra que Guimarães percorreu e no imaginário do sertão, Riobaldo e Diadorim pisaram, reli várias passagens, confrontando-as com os locais em que estávamos e não só no meu exemplar. Encontrei várias pessoas do lugar carregando seu próprio volume, também todo anotado. Conversando com elas, ouvi citações do livro, falando do Urucuia, do Carinhanha, da fazenda Santa Cristina, onde Riobaldo encontrou Otacília, do Vão do Buraco, do jagunço Antônio Dó e tantas outras.
Esse romance que muita gente abandona por dificultoso, anda nos corações e mentes dos sertanejos. Lembro Adélia Prado, contando em entrevista para a O Globo, que deu o livro para uma pessoa lá de Minas ler. Dias depois, veio a reação. “Não gostei. Gosto de livro que ajuda a melhorar o vocabulário.” Aquele vocabulário era ou parecia ser conhecido demais, íntimo, até. Ainda hoje, andando pelas terras do sertão, é possível encontrar frases roseanas na boca do povo.
Na casa do centenário sêo Leôncio, na Serra das Araras, sentados à sua frente no sofá, ele nos explica que o jagunço Antônio Dó “só matava por precisão”. “O sapo pula não é por boniteza, é por precisão”, dizia Guimarães Rosa. Sêo Leôncio, perguntado quantos anos tinha, respondeu: “eu sou de 10”. Falou de muitas coisas que estão em Grande Sertão, até mesmo do Suçuarão ele se lembrava, o lugar remoto onde ele contou que Antônio Dó se escondeu. “Esse Liso do Suçuarão, é o mais longe – pra lá, pra lá, nos ermos. Se emenda com si mesmo”, fala Riobaldo. Sêo Leôncio é de Serra das Araras. “Eu sabia que estávamos entortando era para a Serra das Araras – revinhar aquelas corujeiras nos bravios de ali além, aonde tudo quanto era bandido em folga se escondia – lá se podia azo de combinar mais outros variáveis companheiros.”
Sêo Libânio, outro morador, um negro altaneiro de idade incerta, diz logo, com orgulho, que é serrano, que a Serra das Araras é a origem de sua família: “os fraternos é tudo daqui. Tudo enterrado aqui e eu pra ser enterrado mais eles”, frase recolhida por Míriam Leitão para sua crônica “O Senhor Tolere”, publicada no volume Convém Sonhar (Record, 2010). E Libânio reconta por que voltou para sua terra: “eu morava na cabeceira do rio Pardo e trabalhava num galho do Ribeira. Mas aí eu não agüentei mais tremer. Tô vivendo com os milagres de Santo Antônio e Boiadeiro. Tenho muita fé nos dois. E todo santo muito. Tô habitando aqui com ela. “Ela” é a irmã mais nova, que lhe dá o pouso perdido.
Mas o livro vive e acompanha especialmente os moradores do entorno do Parque, uma reserva de mais de 230 mil hectares, que preserva um fragmento especialíssimo do Cerrado, com seus campos, matas e veredas. Preserva partes quase intactas do sertão cerrado, que vai desaparecendo sob o fogo ilegal dos carvoeiros e com a avassaladora cultura da soja. Guarda, também, locais visitados por Guimarães Rosa e nos quais localizou momentos inesquecíveis dessa estória múltipla. A reserva virou referência e algum mistério. Ela dá notoriedade e orgulho àquele povo simples que, de repente, se sente personagem. Por personagens, se reconhecem como atores da vida nacional, da nossa história. E são. Povo de inteligência natural, que nada tem de prascóvio.
Deixando a Serra das Araras, fui a Ribeirão de Areia, um povoado perdido nas Gerais, para encontrar um grupo de Folia de Reis, que canta e encanta. Cantam para eles mesmos. Reúnem-se de lugares diferentes, num raio de 15 quilômetros, cada um traz de comer e de beber, como puder, tocam, cantam e dançam até a noite. Muitos chegam e vão a cavalo ou lombo de mula. Sêo Jonas, o violeiro, faz versos para o parque Grande Sertão. A filha, Gelma, dança, canta e vai assumindo a liderança de um grupo do qual sua bisavó já participava. O irmão recita com entendimento trechos inteiros do livro. Todos cantam músicas que eles mesmos compõem, com qualidade poética e boa métrica. Violas e rabecas que se ouve foram feitas pelo luthier de lá mesmo.
Grande Sertão Veredas é para mim a ópera mestra do romance brasileiro. Falo ópera não por pedantismo, mas para dizer que é prosa cantada. Uma ária que se alonga como as maiores veredas. Uma espécie de São Francisco da literatura, que corta toda a cultura do Gerais, até os sertões catingueiros, passando pelos campos cerrados pantaneiros. Não por acaso, sua ecologia é a do vale do São Francisco. É mineiro e é transcendente, é Gerais e é geral.
Grande Sertão é uma estória de amor desentendido. “Quase que a gente não abria a boca; mas era um delém que me tirava para ele – o irremediável extenso da vida”. Sua ambiguidade proposital torna-se um recurso poético de profundas implicações: “o amor só mente para dizer maior verdade”.
É um Fausto sertanejo: “O senhor acha que a minha alma eu vendi, pactário?!”. Uma travessia entre Deus e o diabo: “Senhor sabe: Deus é definitivamente; o demo é o contrário Dele”.
É uma reflexão metafísica: “As razões de não ser.” “O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.” Uma indagação serena sobre o significado da vida e da morte: “tempo é a vida da morte: imperfeição”. É uma reflexão moral redobrada sobre o bem e o mal: “Viver é muito perigoso… Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar”.
É, também, uma aventura de coronelismo e jagunçada: “altas artes de jagunços – isso ele amava constante – histórias”. Ou: “Ah, a vida vera é outra, do cidadão do sertão. Política! Tudo política e potentes chefias. A pena, que aqui já é terra avinda concorde, roncice de paz, e sou homem particular. Mas, adiante, por aí arriba, ainda fazendeiro graúdo se reina mandador – todos donos de agregados valentes, turmas de cabras do trabuco e na carabina escopetada!”. De falar de mandonismo e de gente valente, de guerras particulares, faz um estudo sobre a arte de comandar gente rude: “Comandei o mundo, que desmanchando todos estavam. Que comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem”.
É um canto de amor ao cerrado brasileiro. Canto premonitório, como de alguém fazendo um inventário de algo que pode perder: “Ah, tempo de jagunço tinha mesmo de acabar, cidade acaba com o sertão”. Um descrever minucioso, no qual Guimarães Rosa não apenas desenha as paisagens. Ele reproduz literariamente, por meio de abundantes onomatopéias, os sons do sertão, de suas aves, do vento na vegetação e nas pedras, das águas. Como havia feito de forma abundante, em Corpo de Baile, ele completa a sinfonia escrita do sertão em Grande Sertão Veredas.
Eu sei que o sertão de Grande Sertão não é só o sertão do Joãozito Rosa, de Cordisburgo, nem só o meu ou de meu bisavô Juca, amigo e personagem, que lhe deu os primeiros óculos, registrada a gratidão na metáfora de Miguilim. Esses são pequenos pedaços do grande vasto: “Vou lhe falar. Lhe falo do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda não sabe. Só umas raríssimas pessoas – e só essas poucas veredas, veredazinhas.” Mas tudo é sertão e a voz, o sentimento, são sertanejos. “O senhor vê aonde é o sertão? Beira dele, meio dele?”, pergunta Riobaldo. “O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o Chapadão, lá acolá é a caatinga.” Essa indagação de rumos, que se repete por toda a travessia, define a visão do seu ambiente: o sertão é sem fim, não acaba na terra, “sertão é dentro da gente”, nem se encerra exclusivo na alma sertaneja. É um sertão real, que tem idade, feito de veredas, chapadas, bichos, plantas e flores, calorão e muito frio. É também um sertão imaginário, um sertão metafórico, metafísico e sertão-memória. “Sertanejos, mire e veja: sertão é uma espera enorme.”
Terra de gente concreta, com temores e amores reais e abstratos. Gente simples e desgarrada das oficialidades. Gente de imaginação em demasia. Em Ribeirão de Areia, as pessoas vivem em suas propriedades, espalhadas pelo cerrado. Em cada uma, está o seu cemitério familiar. Nos encontros de cantoria, muitas vezes eles vão cantar para os seus mortos. Gelma, filha de sêo Jonas, o violeiro que canta Grande Sertão Veredas, música que compôs para o parque a preservar um pedaço do cenário do livro, conta que o cemitério de sua família fica no alto de uma colina, porque sua avó não queria ficar no plano: “ela tinha medo que o rio a levasse na enchente”. Uma terra onde as pessoas não querem ficar longe dos seus, de cemitérios particulares. Como sêo Libânio, que volta para ser enterrado mais “todos os fraternos”. Onde as pessoas vivem essa imprecisão entre a vida e o depois, tão entranhada em Grande Sertão, a ponto de, em vida, temer a enchente depois da morte. Como se o rio entrasse vida adentro e seguisse adiante, depois da vida, já num trajeto dantesco. “O sertão é dentro da gente.”
Sêo Jonas sabe bem. Violeiro de fama no remoto Ribeirão de Areia, comandante da centenária Folia de Reis e respeitado pelos violeiros mais famosos – está retratado no livro do violeiro Roberto Corrêa, Tocadores – compôs música para o parque, na qual diz: “vou falar uma verdade do nosso grande sertão, meu grande sertão veredas é das Minas Gerais, em divisas com a Bahia nas fronteiras de Goiás”. E ainda celebra “um parque da natureza e selva dos animais… preservando a natureza e pelo meio ambiente, isolado da floresta é a selva dos inocentes”.
O desenho atual do parque Grande Sertão, no entorno da terra que abriga esses personagens vivos do grande sertão que se apequena pelo avanço das culturas predatórias, mas se mantém imenso como referência existencial, se não pôde acompanhar o trajeto de Guimarães/Riobaldo, parte dele já perdido, conseguiu cobrir essas fronteiras ao máximo para preservá-las. Ele hoje está em Minas, bordeja Goiás e tem um grande pedaço na Bahia. Aqui, a preservação junta cultura, memória e ecologia de forma indelével. Ainda carece uma visita sistemática, para identificar as passagens do livro no parque com mais exatidão. O próprio Riobaldo alerta para as confusões: “E tanta explicação dou, porque muito ribeirão e vereda, nos contornados por aí redobra nome. Quando um ainda não aprendeu, se atrapalha, faz raiva. Só preto já molhei mão nuns dez. Verde, uns dez. Do Pacari, uns cinco. Da Ponte, muitos. Do Boi ou da Vaca, também. E uns sete por nome de Formoso. São Pedro, Tamboril, Santa Catarina, uma porção”.
Outras partes ainda estão preservadas, mas de forma mais precária. É o caso do Vão-do-Buraco, o espetacular cânion daquelas paragens, um corredor ecológico entre o parque nacional Grande Sertão Veredas e o parque estadual da Serra das Araras. “Que nem o Vão do Buraco? Ah, não, isto é coisa diversa – por diante da contravertência do Preto e do Pardo…” Mais adiante, noutra referência aos vãos do cânion, ele diz: “donde a perto dele umas poucas cinco léguas: o desmenso, o raso enorme – por detrás dos morros. E a gente dava a banda da mão esquerda ao Vão-do-Oco e ao Vão-do-Cuio: esses buracões precipícios – grotão onde cabe o mar, e com tantos enormes degraus de florestas, o rio passa lá mais no meio, oculto no fundo do fundo, só sob o bolo de árvores pretas de tão velhas, que formam mato muito matagal. Isto é um vão. E num vão desses o senhor fuja de descer e ir ver, ainda que não faltem as boas trilhas, de descida, no barranco matoso escalavrado, entre as moitarias de xaxim. Ao certo que lá embaixo dá onças – que elas vão parir e amamentar filhos nas sorocas, e anta velhusca moradora, livre de arma de caçador”.
De posse privada, sem muito trabalho efetivo de conservação e qualquer proteção, no Vão do Buraco moram artesãos e pequenos criadores. A luz elétrica está chegando agora. Temo pelo lugar.
Sertão, que é serra e um mar ilusório, um mar abstrato, este sim, ainda mais metafórico, feito de mistério e desejo. “Sertão velho de idade. Porque – serra pede serra – e dessas, altas, é que o senhor vê bem: como é que o sertão vem e volta. Não adianta se dar as costas. Ele beira aqui e vai beirar outros lugares, tão distantes. Rumor dele se escuta. Sertão sendo o sol e os pássaros: urubu, gavião – que sempre voam, às imensidões, por sobre… Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. Mas que as curvas dos campos estendem sempre para mais longe. Ali envelhece vento. E os brabos bichos, do fundo dele…”. Diadorim morreu, como chora Riobaldo? “Chapadão. Morreu o mar, que foi”. O sonho acabou, é o fim da estória. “Sobreveio em mim a estúrdia aragem de chorar também… Eu, nas margens do mar.” Como disse M. Cavalcanti Proença, este é um “romance de rios, romance de afluentes espraiados no sertão, sem saída para o oceano, o mar nele aparece como o grande desconhecido, mistério que se associa à morte, à eternidade, ao fim de tudo, quando a vida deságua no infinito. Este o sentido que encontrei nesse impreciso mar de Grande Sertão Veredas”.
Talvez seja por causa da neblina metafísica que torna indistinta a ponta do sertão e desdobra a geografia do romance entre o físico e o infinito, como o sertão mesmo, que chega a virar mar, que tantos analistas sentem precisão de delimitar o sertão concreto:
“Sertões de Mato Grosso, Goiás, Bahia e Minas Gerais, avançando até o norte, limitados pelas matas da Amazônia, cercados pela serrania de leste, formam a região semi-bárbara do Brasil, onde os bandeirantes prearam índios ou batearam ouro. (…) Neste mundo de fogo e água, Deus e o demo, Guimarães Rosa acendeu gambiarras para Riobaldo passar”, indica M. Cavalcanti Proença. “Dá-se o nome de sertão a uma vasta e indefinida área do interior do Brasil, que abrange boa parte dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Goiás e Mato Grosso É o núcleo central do país”, localiza Walnice Nogueira Galvão.
Às vezes ele transborda, para além de seus limites geográficos e ecológicos, como conta André Figueiredo Rodrigues: “Em Minas Gerais não havia somente um único sertão, mas vários. As principais descrições indicam ser a região povoada por inúmeras nações indígenas e com fraca população branca. Na comarca do rio das Mortes, os sertões eram para os moradores das vilas de São José e São João del Rei os cerrados do alto São Francisco e as picadas de Goiás, como então se nomeavam as terras localizadas no caminho que levava para Vila Boa de Goiás. Para os que residiam na Borda do Campo, podiam ser as escarpas da Mantiqueira. A região da atual Zona da Mata era toda conhecida pelo nome de ‘sertões de leste’…”. Sertões imprecisos, esquivos, que se prestam a esse sonho, esse vôo largo, que faz tanta gente imaginar quantos outros sertões, nos entremeios daquelas veredas do Rosa. “Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo.” Tudo certo como dois e dois são cinco, diria mais tarde Caetano Veloso em seu Como Dois e Dois.
“O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas demais do Urucuia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos… o Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata a mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho”.
“Só no azul do anoitecer é que o Chapadão tem fim.” Mas que ninguém se engane: o sertão é a sério e é real. “O sertão é de suma autenticidade”, Guimarães alertou em carta a seu tradutor para o italiano. “Quando escrevi o livro, eu vinha de lá, dominado pela vida e pela paisagem sertanejas.” Como diz Riobaldo, “o sertão não é malino nem caridoso, mano oh mano!: -… ele tira ou dá, ou agrada ou amarga, ao senhor, conforme o senhor mesmo”.
Vilma Guimarães Rosa, em seus relembramentos, certifica: “o que agora volteava dentro dele e diante dele era o Geral, o Grande Sertão, como cenário épico. Cedera o curioso ao emotivo, ao enamorado de sua própria terra.” Guimarães Rosa fez do seu sertão a existência. E tanto se escreveu sobre esse ser metafísico, ambiente e persona da novela enovelada. Mas como lembrou Luiz Costa Lima, ler Grande Sertão é tratar de “vislumbrar nas criaturas a gama de mistério, estranheza e perplexidade que G. Rosa encontra no mundo”. Contudo, acrescenta, “as dimensões que G. Rosa descobrirá nas criaturas estão em relação com a sua visão anterior da realidade”. Não duvidem, trata-se de um romance de sertanejo, por mais que seja cosmopolita.
Disso sei dizer. Somos vizinhos Cordisburgo e Curvelo. Saímos cedo do sertão, para sempre voltar e sermos tragados por ele. Ou nunca saímos, porque lá deixamos a parte do ser que carrega em si o poético, o épico, o transcendente. Fora dele fomos exercer outros nossos métiers. Basta olhar um pedaço da terra, para reconhecer aquelas veredas. Coberta de razão está Walnice Nogueira Galvão quando diz que “não é só Grande Sertão Veredas, mas toda a obra de Guimarães Rosa, de fato, que começa e acaba no sertão. Para sempre identificado ao sertão, esse é o seu universo, seu horizonte, seu ponto de partida e de chegada”. Foi ele mesmo quem definiu sua escrita como ancorada no sertão real: “Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.”
Para nós de seu mesmo sertão é fácil saber que sua literatura está mergulhada naquelas terras e naquelas águas, sobretudo nas águas de seus rios. Quem afiança é Afonso Arinos de Mello Franco, sertanejo das paradas de Paracatu, em seu derramado discurso de recepção a Guimarães Rosa na Academia Brasileira de Letras: “pelas nossas origens, daquelas terras largas do sertão mineiro; mundão de léguas de campos, chapadas, catingas e rios; domínio do sol e dos astros sobre a planura, cortado sempre por escassos, silenciosos cavaleiros e suas boiadas. Nossa zona sertaneja de Cordisburgo a Paracatu é presa a si mesma mais pelos rumos dos rios e os desdobramentos dos tabuleiros do que pelos traços dos caminhos, ou os marcos das povoações. Forma um quadrilátero irregular, que começa à margem esquerda do Rio das Velhas, cruza o São Francisco, atinge a banda direita do Parnaíba e se derrama para o norte, até esbarrar nas douradas areias do Paracatu. Pouco acima de Paraopeba, deixando à mão direita o Rio das Velhas, o antigo Guaicuí dos índios, são os campos gerais desenrolados por Curvelo, Corinto, até Pirapora, já no São Francisco, quase no vértice do ângulo do seu encontro com o grande afluente.”
Somos de lá, já ouvimos a filosofia noturna dos riobaldos e dos manuelzões, quando miramos, vemos os mesmos sertões e as mesmas veredas. Sem invenção. Quando escutamos, ouvimos a mesma linguagem, que ora ele transliterou, ora só transcreveu, ora criou, recriou. Por isso para os do local, nem as palavras inventadas soam estranhas, porque têm a sonoridade sertaneja, como se medidas no diapasão do carro de boi. É o que permite a eles ler e reler, sem tresler esse Grande Sertão. Não é de espantar, encontrar pessoas sem treino intelectual falarem com intimidade do livro, referindo-se a passagens, aqui e acolá, referências de suas vidas ou de seus lugares. Em reportagem, posteriormente republicada em Estas Estórias – Entremeio com o vaqueiro Mariano – Guimarães conta: “Em julho, na Nhecolândia, Pantanal de Mato Grosso, encontrei um vaqueiro que reunia em si, em qualidade e cor, quase tudo que a literatura empresta esparso aos vaqueiros principais. Típico, e não um herói, nenhum. Era tão de carne-e-osso, que nele não poderia empessoar-se o cediço e fácil da pequena lenda. Apenas um profissional esportista: um técnico, amoroso de sua oficina. Mas denso, presente, almado, bom-condutor de sentimentos, crepitante de calor humano, governador de si mesmo; e inteligente. Essa pessoa, este homem, é o vaqueiro José Mariano da Silva, meu amigo.”
O que faz Guimarães Rosa, ao lado desse vaqueiro Mariano nas lonjuras pantaneiras? “Começamos por uma conversa de três horas, à luz de um lampião, na copa da Fazenda Firme. Eu tinha precisão de aprender mais sobre a alma dos bois, e instigava-o a fornecer-me fatos, casos, cenas. Enrolado no poncho, as mãos plantadas definitivamente na toalha da mesa, como as de um bicho em vigia, ele procurava atender-me. (…) Contou-me muita coisa.” Quem ler o relato, verá um diálogo que parece monólogo, como em Grande Sertão, mas onde há um que conta e outro que instiga. E dará com pérolas do real, que depois reverá, de outra forma e em outro contexto, em Grande Sertão Veredas, como esta:
“Como era um lugar visonho, assim meio sertão, sem gado, eu achei que por lá devia de ter passado uma rês e parado, por uma ou duas ou três horas. Senti pelo cheiro. A gente sabe. O touro tem uma catinga quase como a do ramo de guiné; vaca e boi-de-carro têm catinga igual, só a do touro é mais forte…” Ou esta outra: “Foi um touro jaguanê que morreu de tristeza. Era um touro de idéia, muito manheiro (…) Morreu lá, de raiva, de vergonha. Faleceu mesmo…”
Relendo esse entremeio, me dei conta da razão de minha paixão irremediável, à primeira vista, pelo Pantanal. Somos sertanejos, de campos cerrados e enamorados dos rios. Todo sertanejo é apaixonado pelos rios, alguém disse. Verdade verdadeira. Encontrei nessa viagem pelo Grande Sertão, em Chapada Gaúcha, um operador de máquinas pesadas, está sempre onde estão rasgando fronteira. Veio de São Paulo, chegou até Corumbá e Cáceres, trabalhou no Pantanal e está agora no grande sertão das gerais. Conversando sobre essa paragem mineira, ele sentenciou: “Pantanal é cerrado, só que é úmido, não é essa secura daqui”. Quem sabe, sabe. Ele só tem andado agora por onde o cerrado está se acabando em soja. “Aqui não se vê mais bicho. Tão destruindo tudo”. Se tivesse chegado antes, e visto as veredas, veria que não é tudo secura, as veredas são o oásis desse cerradão. E seus rios.
“Ah, o meu Urucuia, as águas dele são claras e certas. E ainda que ele entramos, subindo légua e meia, por isso pagamos uma gratificação. Rios bonitos são os que correm para Norte, e os que vêm do poente – em caminho para se encontrar com o sol. E descemos num pojo, num ponto sem praia, onde essas altas árvores – a caraíba-de-flor-roxa, tão urucuiana. E o folha-larga, aderno-preto, o pau-de-sangue, o pau-paraíba, sombroso. O Urucuia, suas abas. E vi meus Gerais!”
“Chapada de duro. Daí passamos um rio vadoso – rio de beira baixinha, só buriti ali, os buritis calados.”
“Antes eu percebi a beleza daqueles pássaros, no rio das Velhas – percebi para sempre.”
“Reprazia, para mim, um dia reverter para o rio das Velhas, cujos campais de gado, com coqueiral de macaúbas, meio do mato, sobre morro, e o grande revôo baixo do nhaúma, e o mimoso pássaro que ensina carinhos – o manuelzinho-da-croa…”
“Olhe: o rio Carinhanha é preto, o Paracatu moreno; meu, em belo, é o Urucuia – paz das águas … É vida!”
“O meu Urucuia vem, claro, entre escuros. Vem cair no São Francisco, rio capital. O São Francisco partiu minha vida em duas partes.”
Mas o rio tem, também, um parentesco metafórico com o mar, espelho da vida, da existência:
“Confusa é a vida da gente; como esse meu rio Urucuia vai se levar no mar”.
“Meu rio de amor é o Urucuia.”
Guimarães Rosa não nasceu no mundo, nem cosmopolita. Conquistou-o e nele se lançou, globalizando-se, desde cedo, pelo intelecto, muito antes de se pôr a viajar nas asas do Itamaraty. Ele era de Cordisburgo, Minas Gerais: “pequenina terra sertaneja, trás montanhas, no meio de Minas Gerais. Só quase lugar, mas tão de repente bonito: lá se desencerra a Gruta do Maquiné, milmaravilha, a das Fadas; e o próprio campo, com vaqueiros cochos de sal ao gado bravo, entre gentis morros ou sob o demais de estrelas, falava-se antes: ‘os pastos da Vista Alegre'”. Se fez do Brasil e do mundo, porque, de vista curta demais pela miopia, mirava e via muito além. Ele nos encantou, muito antes de se encantar. “Escritor ligado à terra, às limitações temporais e espaciais de uma certa terra brasileira, não sois, no entanto, um escritor regional, ou antes, o vosso regionalismo é uma forma de expressão do espírito universal que anima a vossa obra e, daí, sua repercussão mundial”, elucidou Afonso Arinos, em seu discurso de recepção. É isso, o sertão é o mundo. “Mais eu murmure e diga, ante macios morros e fortes gerais estrelas, verde o mugibundo buriti, buriti, e a sempre-viva-dos-gerais que miúdo viça e enfeita: O mundo é mágico”, assim ele encerra seu discurso de posse, um emocionado elogio de seu amigo e chefe na diplomacia, João Neves da Fontoura.
Do muito que diz Willi Bolle de Grande Sertão, o dito mais certo é defini-lo como romance da formação nacional. É mesmo, grande achado. Guimarães sempre foi gigante entre os maiores de todos os tempos: Cassiano Ricardo, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, Euclides da Cunha, José de Alencar, Machado de Assis.
É um romance largo, dificultoso mais pelo inesperado do que pela linguagem. É difícil lê-lo linearmente, tantas vezes sua poesia, seu desconcerto, sua assombrosa criatividade nos remete ao devaneio. Como os próprios devaneios da prosa de Riobaldo. Mas quem já se sentou diante de um desses contadores de casos sertanejos, sabe que eles nunca são lineares, eles sempre revoltam entre a estória e a confissão, entre o narrar e o explicar-se do narrador.
Grande Sertão é uma obra dupla, sob vários sentidos e, por isso, múltipla. Move-se por vários pares. É um caso e uma confissão. É uma conversa e uma oração. É uma travessia de muita profundidade e entremeiam nela várias estórias e muitos mistérios. Um claro enigma, que se desvela na poética e na ética. Ah, como precisamos dessa ética sincera e verdadeira. É telúrico, metafísico, renovador. Narrativa-diálogo de Riobaldo e dentro dela, a reflexão alargada de Guimarães. Dois sertanejos, um viajado no sertão-cerrado, o outro, no mundo-sertão. Aquela ambivalência de Diadorim, homem-mulher, ser-não-ser-sendo, está presente em todo Grande Sertão Veredas.
Tem a filosofia natural de Riobaldo, rio baldo, personificador dos vaqueiros contadores de casos, como Mariano, que Guimarães encontrou nos vários gerais e anotou – “sou só um sertanejo, nessas altas idéias navego mal”; “O senhor saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo mundo… Eu quase de nada não sei, mas desconfio de muita coisa. O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe, sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma idéia ligeira, e eu rastreio esta por fundo de todos os matos, amém!” – e tem a filosofia erudita de Guimarães Rosa. São diálogos entre os dois, um solta idéias o outro rastreia ligeiro, e vice-versa. A linguagem onomatopaica, viva, mutante do peão cheio de sabedoria e ignorante das letras, e a verve plurilingüística de Guimarães Rosa convivem em contraponto por toda essa sinfonia literária. Um texto rico, denso e fluido como os grandes rios. Um São Francisco impoluído. É outra conversa, outro diálogo: “mas, o senhor sério tenciona devassar a raso este mar de territórios, para sortimento de conferir o que existe?”
Nunca entendi aqueles que dizem que não há diálogo real em Grande Sertão Veredas, que não passaria de um longo monólogo. Mas como? Um conta, o outro instiga. Tal e qual no entremeio com o peão Mariano. Quantas vezes o outro, esse estudado senhor da cidade, interpela Riobaldo, que prontamente responde. Quantas vezes o sertanejo, perquirido, reexplica? Muitas vezes o silêncio é mais eloqüente e enfático que qualquer jogo de palavras. Riobaldo repassa com tristeza, “uma tristeza que até alegra”, o prospecto de seu interlocutor sair sertão afora, trilhando suas trilhas, correndo seus chapadões, atravessando suas veredas. Suas dele, que dessa terra se apropriou nas travessias todas de seu relato. “Não fosse meu despoder… Eu guiava o senhor até tudo. Lhe mostrar os altos claros das Almas: rio despenha de lá, num afã, espuma próspero, gruge; cada cachoeira, só tombos. O cio da tigre preta na Serra do Tatu – já ouviu o senhor gargaragem de onça? A garoa rebrilhante dos-Confins, madrugada quando o céu embranquece – neblim que chamam de xererém. Quem me ensinou a apreciar essas belezas sem dono foi Diadorim… A da-Raizama, onde até os pássaros calculam o giro da lua – se diz – e canguçu monstra pisa em volta. Lua de com ela se cunhar dinheiro. Quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo. Cheiro de campos com flores, forte, em abril: a ciganinha, roxa, e a nhiíca e a escova, amarelinhas…”. Acho que desentenderam a estrutura desse livro-diálogo, confissão.
O trajeto trágico-heróico-nostálgico de Riobaldo é um caminho sem parada, só pausas, traçado pelo destino, por Deus, a caminhada dos bandos e a ecologia do sertão. É uma epopéia de homens do sertão, uma saga, sagarana. É uma ode à natureza, ao sertão: personagem, terra, ambiente, ecologia da desmesurada aventura-desventura de Riobaldo e Diadorim. São sempre poucas as páginas de Grande Sertão Veredas em que não se encontra uma descrição detalhada, ora geológica, ora botânica, ora zoológica dos seus sertões.
“Ao pé das chapadas, no entremeio do se encher de rios tantos, ou aí subindo e descendo solaus, recebendo o empapo da chuva, a gente se fervia… O chapadão é sozinho – a largueza. O sol. O deu de não se querer ver. O verde carteado do gramal. As duras areias. As arvorezinhas ruim-inhas de minhas. A diversos que passavam abandoados de araras – araral – conversantes. Aviavam vir os periquitos, com o canto-clim. Ali chovia? Chove – e não encharca poça, não rola enxurrada, não produz lama: a chuva inteira se soverte em minuto terra a fundo, feito um azeitezinho entrador. O chão endurecia cedo, esse rareamento de águas. O fevereiro feito. Chapadão, chapadão, chapadão”.
Esses roteiros geomorfogênicos, biológicos de Guimarães Rosa são sempre, todavia, uma ponte entre o concreto e o existencial, entre a realidade física e a metafísica, mesmo quando não parece fazer mais que descrever:
“Assim pois foi, como conforme, que avançamos rompidas marchas, duramente no varo das chapadas, calcando o sapê brabão ou areias de cor em cimento formadas, e cruzando somente com gado transeunte ou com algum boi sozinho caminhador. E como cada vereda, quando beirávamos, por seu resfriado, acenava para a gente um fino sossego sem notícia – todo buritizal e florestal: ramagem e amar em água. E que, com nosso cansaço, em seguir, sem eu nem saber, o roteiro de Deus nas serras dos Gerais”.
Ainda hoje se ouve pelas Gerais o relato do senhor que perguntava tudo, que pássaro era aquele, como chama aquela ave ali, que lugar é aquele? Do caderno, as respostas foram parar em Grande Sertão:
“Para ouvir gavião guinchar ou as tantas seriemas que chungavam, e avistar as grandes emas e os veados correndo, entrando e saindo até dos velhos currais de ajuntar gado, em rancharias sem morador? Isso quando o ermo melhorava de ser só ermo. A chapada é para aqueles casais de antas, que toram trilhas largas no cerradão por aonde, e sem saber de ninguém assopram sua bruta força. Aqui e aqui, os tucanos senhoreantes, enchendo as árvores, de mim a um tiro de pistola – isto resumo mal. Ou o zabelê choco, chamando seus pintos, pra esgravatar terra e com eles os bichinhos comíveis catar. A fim, o birro e o garrixo sigritando. Ah, e o sabiá-preto canta bem. Veredas.”
As veredas, hoje se sabe, são tecnicamente um subsistema do Cerrado, ela é senhora de si e específica, Guimarães a descreveu com a precisão que permite traçar-lhe a ecologia cientificamente:
“Saem dos mesmos brejos – buritizais enormes. Por lá, sucuri geme. Cada sucuriú do grosso: voa corpo no veado e se enrosca nele, abofa – trinta palmos! Tudo em volta, é um barro colador, que segura até casco de mula, arranca ferradura por ferradura. Com medo de mãe-cobra, se vê muito bicho retardar ponderado, paz de hora de poder água beber, esses escondidos atrás de touceiras de buritirama. Mas o sassafrás dá mato, guardando o poço; o que cheira um bom perfume. Jacaré grita, uma, duas, três vezes, rouco roncado. Jacaré choca – olhalhão, crespido do lamal, feio mirado na gente. Eh, ele sabe se engordar. Nas lagoas aonde nem um de asas não pousa, por causa de fome de jacaré e de piranha serrafina. Ou outra – lagoa que nem abre o olho, de tanto junco. Daí longe em longe, os brejos vão virando rios. Buritizal vem com eles, buriti se segue, segue. Para trocar de bacia o senhor sobe por ladeiras de beira-de-mesa, entra de bruto na chapada, chapadão que não se desenvolve mais.”
Lições de sertão, se lê – e quase vê – por toda parte. O sertão é mais que dentro da gente, é de várias idades e passagens é o sertão e é o ser projetado no encontro entre paisagem e vida. “O sertão é do tamanho do mundo.” Lições da natureza, das coisas que parecem eternas e se acabam na mão humana: “O senhor vê: existe cachoeira: e pois? Mas cachoeira é barranco de chão, e água se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa água, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver é negócio muito perigoso”.
Para celebrar Grande Sertão Veredas, só lendo. É dificultoso, mas é pra lá de bom. Se começar à vera, não pára nunca. Demora-se em suas páginas, porque é uma travessia rara, cheia de veredas e de veredazinhas, as melhores, e a gente vai se entretendo e se perdendo nesse redemunho poético. É uma obra-prima extraordinária, como a definiu, desde logo, mestre Antônio Cândido, nela, diz, “há de tudo para quem souber ler, e nela tudo é forte, belo, impecavelmente realizado. Cada um poderá abordá-la a seu gosto, conforme o seu ofício; mas em cada aspecto aparecerá o traço fundamental do autor: a absoluta confiança na liberdade de inventar”. Vale abordar esse rio caudaloso, esse São Francisco impoluível, intransponível e indestrutível, que se renova a cada leitura. “Mas o sentido do tempo o senhor entende, resenha duma viagem.”
Bibliografia citada
João Guimarães Rosa
– Grande Sertão Veredas, várias edições.
– “Entremeio com o Vaqueiro Mariano”, em Estas Estórias, várias edições.
– Discurso de Posse na Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 1967.
Afonso Arinos de Melo Franco
– Discurso de Recepção a Guimarães Rosa, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Letras, 1967.
André Figueiredo Rodrigues
– “Os sertões proibidos da Mantiqueira: desbravamento, ocupação e as observações do governador dom Rodrigo José de Meneses”, Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 23, n. 46, p. 253-270, 2003.
Antônio Cândido
– “O Homem dos Avessos”, em Tese e Antítese, São Paulo, 1964.
Luiz Costa Lima
– “O Mundo em Perspectiva: Guimarães Rosa”, em Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 2 (6), dezembro 1963.
M. Cavalcanti Proença
– Trilhas do Grande Sertão, Rio de Janeiro, MEC, Os Cadernos de Cultura, 1958.
Roberto Corrêa, Lia Marchi e Juliana Saenger
– Tocadores, Fundação Curitiba, 2002,
Vilma Guimarães Rosa
– Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999, segunda edição revista e ampliada.
Walnice Nogueira Galvão
– As Formas do Falso, São Paulo, Perspectiva, 1972.
– Guimarães Rosa, São Paulo, Publifolha, 2000.
Willi Bolle
– grandesertão.br, São Paulo, Editora Duas Cidades, 2004.