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A última indecisão do Conselho de Segurança da ONU

Os Estados Unidos, ao vetar a proposta de resolução brasileira, que condenava os ataques terroristas do Hamas a Israel e pediam uma pausa humanitária nas hostilidades, deu um golpe fatal no Conselho de Segurança da ONU. A proposta brasileira foi longamente negociada com todos os membros do Conselho. Ela foi apresentada após a derrota do texto sugerido para a resolução apresentado unilateralmente pela Rússia.

O objetivo da resolução vetada pelos EUA era puramente humanitário, após 12 dias de carnificina. A pausa era necessária, e continua sendo, para a retirada de cidadãos estrangeiros civis das áreas de conflito e para passagem do comboio de caminhões com ajuda humanitária para a faixa de Gaza. Não havia razão substantiva ou política para o veto.

A diplomacia de Washington tem errado muito desde o ataque do Hamas a Israel. Biden adotou uma posição de apoio irrestrito a Netanyahu e não só ao povo judeu. Considera que o governo de Israel tem o direito de demolir a bombas a seção norte da Faixa de Gaza, não importando as perdas em vidas de civis, mesmo crianças e velhos incapacitados de se defenderem, muito menos de cometer atos terroristas ou de guerra. Tem evitado qualquer palavra mais incisiva de acautelamento. Direito de defesa e de fazer justiça Israel tem, legitimamente. Outra coisa é uma ação irrestrita de vingança que atinge muito além do Hamas, a todo o povo palestino ao norte da Faixa de Gaza.

Ao falhar na aprovação de uma resolução amplamente negociada de caráter humanitário e no exercício de sua função principal de promover a paz e a justiça, o Conselho de Segurança se revelou um conselho de vetos. Imobilizada a unidade central da Organização das Nações Unidas, destinada a tomar as principais decisões no cumprimento da missão fundacional que lhe foi atribuída, a ONU perde seu papel de centro articulador do multilateralismo. O mundo está fadado ao unilateralismo que só leva a mais conflito e mais violência contra populações civis.